Ser tranquilo é uma coisa, ser passivo é outra
Ser tranquilo significa enxergar os fatos com o máximo de neutralidade, procurando compreender o lado do outro. Ser passivo é só aguentar calado toda a negatividade até explodirmos e agirmos sem medir as consequências.
Entender a diferença entre tranquilidade e passividade nos ajuda e gerenciar melhor os estresses do dia a dia e viver com mais suavidade.
É possível ser tranquilo sem ser passivo.
Esse é um princípio da sabedoria chinesa, expressado na filosofia taoísta como “wuwei”. O princípio da “não ação”, o “fazer pelo não fazer”.
Imagine um lutador de artes marciais. Ele pode derrotar o adversário sem sentir ódio. Quando ele chega ao ponto de lutar, é porque calmamente analisou as circunstâncias e concluiu que o uso da força era a melhor alternativa naquele momento. Tudo sem ressentimento, sem peso no coração.
Muitos animes ilustram essa conduta, sobretudo Samurai X (Rurouni Kenshin). O andarilho Kenshin enfrenta os oponentes, mas sem fazer o jogo deles. A tranquilidade do samurai possibilita agir com precisão e na medida certa. Tal postura, no final, conquista mais pelo respeito do que pelo poder. É nobre.
Levando essa lógica para nosso cotidiano, nas escolas, escritórios e outros ambientes sociais, conseguimos filtrar as emoções em situações de estresse. Provocações, insultos e críticas chegarão ao nosso ouvido, mas antes de reagirmos “na pilha”, analisaremos a melhor atitude.
Tranquilidade gera empatia, passividade gera frustração
Chama-se empatia a capacidade de se colocar no lugar dos outros, o que só é possível com a mente tranquila. Ao pararmos para compreender a motivação da outra pessoa, já eliminamos uma reação instintiva que poderia dar problema. Quem ganha com isso, afinal, somos nós mesmos.
Já pensou em responder processo por que bateu em alguém que te xingou?
Fatores emocionais que parecem sutis podem influenciar nossas ações. Às vezes, a derrota do time de futebol, uma nota abaixo da média ou uma mensagem não respondida são capazes de desequilibrar alguém.
Isso, somado a nossa pobre capacidade de nos comunicar bem, forma a receita para milhões de mal-entendidos diários.
É daí que surgem “me desculpa, estava nervoso naquela hora” ou “não soube me expressar bem, usei as palavras erradas”.
Desculpar por desculpar, fingir que não aconteceu, ser passivo, não é a melhor escolha. Responder o ataque “à altura”, também não.
Somente uma postura tranquila, com empatia e respeito, ajuda nessas horas.
A tranquilidade dá a chance de agir com consciência — em vez de só reagir –, perdoar e, ainda assim, mostrar as consequências do ataque do outro.
Um amigo te humilhou na frente dos outros? Não precisa fazer barraco nem se deprimir. Talvez ele estava eufórico e só pensou na glória dele. Você pode terminar a amizade e manter distância sem guardar aquela mágoa no peito.
No final, sua postura calma pode até inspirar um pedido sincero de desculpas dele e um eventual perdão seu, mesmo que você prefira outras amizades naquele momento.
Quem é tranquilo não se apega aos estímulos negativos externos, tampouco os transforma em parte de si mesmo. Por isso a pessoa tranquila não vai ter uma “gota d’água”, mas respostas conscientes quando se fizerem necessárias.
É fácil? Acontece da noite pro dia? Claro que não. Mas a vida é para aprender. Não guardar mágoa de si mesmo também é importantíssimo no processo, afinal, assim como qualquer outra pessoa, cometemos erros na aprendizagem.
Talvez você vai curtir o texto “Tranquilo como o céu, mais rápido que um relâmpago”, que aborda a criação de hábitos e autodisciplina inspirados no Goku, do DragonBall.
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